Sentir vergonha de si mesmo é algo comum. Qualquer pessoa já passou por isso em algum momento da vida. Porém, há casos em que esse sentimento toma maiores proporções e passa a impactar o funcionamento social e profissional da pessoa.
Neste post, vamos apresentar esse tema e entender o que é a vergonha de acordo com a psicanálise, qual a sua origem e como o acompanhamento psicanalítico pode ajudar a lidar com esse sentimento. Continue a leitura!
A vergonha segundo a psicanálise
Embora a vergonha seja um sentimento conhecido, trata-se de um afeto de difícil descrição. De acordo com a psicanálise, a vergonha caminha junto com o narcisismo, o que nos leva a crer que, quanto maior a vaidade, maior o receio de ser envergonhado diante de outras pessoas.
A vergonha traz consigo a desqualificação em público, a boa imagem prejudicada e a revelação de uma fraqueza. O medo dessa exposição coloca em risco a autoestima e a autoconfiança do indivíduo. Então, para não ser indevidamente exposto, ele recorre a determinados mecanismos de defesa e passa a mascarar suas insuficiências.
Esse sentimento também está atrelado à sensação de impotência e à imagem deturpada que cada um cria de si mesmo. Em nível consciente ou inconsciente, o indivíduo pode acreditar que é um ser inferior e indesejado, muito aquém de um modelo idealizado.
A origem desse sentimento
A vergonha está diretamente associada à necessidade de aprovação social — ou seja, sua proporção é relativa ao medo que nutrimos em relação ao olhar do outro. Isso nos leva a uma explicação sobre a origem da vergonha: a criança que se desenvolve diante de críticas constantes pode começar a inibir suas ações por acreditar que não é digna de amor e que tudo que ela faz está errado.
Da mesma forma, se a pessoa conviver com a negligência durante seus primeiros anos de vida, ela pode crescer acreditando que é inválida e não merecedora de atenção. O abandono afetivo e a falta de aprovação por parte de pessoas significativas são fortes motivos para que se desenvolva o sentimento de rejeição
A diferença entre culpa e vergonha
A vergonha não pode ser encarada somente como algo negativo: ela também é um componente da moralidade, portanto, um aspecto importante para a vivência em sociedade. Assim como a culpa, trata-se de um regulador social.
Contudo, culpa e vergonha são bem diferentes. O primeiro é resultante de um mal proporcionado às outras pessoas, passível de julgamento, punição e reparação. Já no segundo caso, é a autoimagem do sujeito que se encontra manchada, e para isso não há absolvição.
A terapia psicanalítica para lidar com a vergonha de si mesmo
Esse sentimento, em níveis excessivos, pode impactar a vida da pessoa de forma bastante negativa. O indivíduo passa a se esquivar de situações que o coloquem diante do olhar e das possíveis críticas de outros. Dessa forma, ele limita sua interação social, além de minar suas chances de crescimento pessoal e profissional.
A psicanálise pode ajudar a lidar com a vergonha de si mesmo a partir de uma análise profunda que resgata emoções reprimidas e derruba bloqueios inconscientes. Memórias internalizadas de experiências dolorosas, como excesso de críticas na infância ou exposições vexatórias, podem reforçar a formação de um ego sabotador ou de um superego altamente punitivo.
Os psicanalistas trabalham com uma escuta mais atenta e podem encontrar a origem do sentimento de vergonha nas entrelinhas do paciente. Assim, também é possível abrir uma porta que conduza a terapia a desnudar certos pontos de narcisismo e clarear detalhes da psique do sujeito, que estavam ocultados pela inibição.
No final, o paciente descobre que o único remédio para a vergonha de si mesmo é o fortalecimento da autoestima. Assim, a pessoa consegue aceitar seus próprios defeitos e carências e se colocar diante do outro sem temer seu olhar crítico e seus julgamentos, sejam estes reais ou imaginários.
Esse tema merece reflexão, não é mesmo? Se você se interessou por esse assunto, acompanhe nossas publicações nas redes sociais e fique bem informado com dicas de estudo e de carreira na área da psicanálise. Siga nossas páginas no Facebook, no YouTube e no Twitter!