Certamente, a terapia para depressão em psicanálise é uma das formas mais eficazes de ajudar o paciente a entender e lidar com a situação que ele enfrenta. Devido ao nível de incapacitação ao qual a pessoa pode chegar, trata-se de um quadro que tem ganhado cada vez mais notoriedade.
A depressão está entre as doenças que mais crescem no mundo. Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes ao ano de 2015, em dez anos, o índice mundial de depressão deu um salto de mais de 18%. Nesse contexto, hoje em dia, ela afeta 4,4% da população, o que significa 322 milhões de pessoas.
No Brasil, essa porcentagem é ainda maior: 5,8% da população brasileira — o equivalente a 11,5 milhões de pessoas — sofre com esse problema severo, que pode comprometer a vida do indivíduo nas mais diferentes esferas e trazer sérios prejuízos ao seu desempenho profissional, social e familiar.
Ficou interessado em saber mais sobre o assunto? Quer entender como é vista a depressão em psicanálise? Então, continue conosco e entenda um pouco mais sobre a depressão e sobre como a psicanálise pode ser fundamental para melhorar esse quadro!
A depressão e seus sintomas
A depressão é um tema que tem repercutido bastante nas últimas décadas. Tanto a comunidade médica quanto a população em geral estão em busca de mais informações sobre esse problema.
Diante de tantos casos sérios que acometem cada vez mais pessoas próximas a nós, as velhas crenças dos menos informados estão caindo por terra — tais como “depressão é frescura”, “é fraqueza”, “é necessidade de chamar atenção” ou até “é falta de Deus no coração”.
Entretanto, é importante destacar que depressão e tristeza profunda não são a mesma coisa. Muitas pessoas confundem esses dois estados emocionais e deixam de buscar a ajuda necessária.
O sentimento de tristeza quase sempre tem uma causa identificável, como um fato ocorrido, uma perda ou uma frustração. Nesses casos, você conhece a origem da sua tristeza, é capaz de entender a situação que está enfrentando. Apesar do abatimento que tende a permanecer por um breve período, ainda é possível sentir interesse por certas atividades.
Por outro lado, um quadro de depressão limita o funcionamento do indivíduo. Isso é refletido no rendimento profissional, nos estudos, na vida social e no autocuidado. Até problemas físicos (somatizações da depressão) começam a surgir.
Quando é depressão, a pessoa não sabe reconhecer os motivos do seu humor deprimido e não entende o porquê de tanta angústia. Além disso, os sintomas persistem por tempo indeterminado até que alguma intervenção seja feita. Abaixo, destacamos alguns dos principais sintomas da depressão:
- humor deprimido;
- perda de prazer;
- alterações significativas no peso (para mais ou para menos);
- insônia ou excesso de sono;
- fadiga física e mental;
- sentimento de culpa e desvalia;
- dificuldade de se concentrar e tomar decisões;
- ideação suicida.
As causas e a gravidade da doença
Quando se trata de depressão, lidamos com um problema sério — sobre o qual todos já ouviram falar, mas a maioria desconhece a gravidade do quadro. Estamos falando de uma condição que pode matar! Já ouviu falar em casos de suicídio por depressão?
Suicídio: palavra tensa, não é? Pode até ser desagradável, mas é preciso abordar isso. Assim sendo, faz-se necessário abrir os olhos para a gravidade desse problema, que pode ser capaz de levar uma pessoa ao extremo de tirar a própria vida.
É importante prestar muita atenção aos pedidos de socorro manifestados pelas emoções e pelo comportamento. Ignorar a depressão é como se recusar a tratar um câncer, portanto, é encurtar a própria jornada. Esse descuido pode ser fatal.
As causas da doença ainda são investigadas pela ciência. Até o momento, acredita-se que seja uma condição multifatorial. Existem os casos de depressão reativa, ocasionados por um trauma ou outra razão precedente, e há a depressão endógena, decorrente de uma disfunção biológica — funcionamento inadequado de neurotransmissores.
Contudo, já se sabe que, para um tratamento ser realmente eficaz, as psicoterapias são indispensáveis. A psicanálise como terapia para depressão, inclusive, é uma das intervenções que apresenta resultados bastante significativos.
Fatores de risco e prevenção
Muitos são os fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa apresentar um quadro depressivo. O fato de a doença ser associada a causas multifatoriais faz com que seja preciso cuidado redobrado para se precaver.
O fator genético ou biológico é de difícil prevenção, contudo, você pode se proteger fazendo atividades físicas, pois elas aumentam os níveis de serotonina e dopamina, que são neurotransmissores relacionados ao bem-estar e à felicidade.
Já algumas pessoas desenvolvem a depressão após terem passado por eventos traumáticos e/ou situações de grande estresse. Não dá para saber quando seremos assaltados ou teremos que enfrentar a difícil perda de um ente querido, no entanto, podemos estar mais preparados para as intempéries da vida se estivermos sempre cuidando da nossa saúde psíquica e mental.
O processo de análise também é indicado para as pessoas que não apresentam nenhuma doença, mas que querem se autoconhecer e construir formas mais saudáveis de lidar com a vida e com as pessoas. Assim, a psicanálise ajuda não só no tratamento, mas também na prevenção da depressão!
Cuidados como meditação e mindfulness, busca de uma vida equilibrada e a manutenção de uma rede social e/ou familiar saudável também são fundamentais e podem fazer muita diferença na prevenção da depressão e de outras inúmeras doenças.
A importância do acompanhamento
A fim de diagnosticar o seu quadro e iniciar o acompanhamento com especialistas, é de suma importância que o indivíduo busque ajuda. No entanto, essa não é uma missão fácil para quem já não consegue encontrar motivação em nada e, tampouco, tem forças para tomar decisões e atitudes.
Nesse ponto, a presença de pessoas próximas é essencial. Além do acompanhamento profissional, o apoio familiar deve fazer parte desse processo. A família precisa buscar mais informações, compreender o problema, desconstruir seus preconceitos, evitar críticas e julgamentos, e oferecer suporte.
Não são discursos e sermões que vão fortalecer a pessoa, e sim a compreensão. Apoiar significa estar por perto. É no acolhimento, na atenção e nos pequenos gestos que a pessoa com depressão vai se sentir segura e amparada.
A visão psicanalítica da depressão
A psicanálise tem uma definição própria da depressão, diferente daquela dada pela medicina clássica. Na visão psicanalítica, ela se trata de um sintoma de uma neurose subjacente, ou seja, é um sinal do corpo de que algo não vai bem, assim como a febre é um sintoma de uma infecção no organismo.
Segundo o psicanalista argentino Juan-David Nasio, a depressão é a “espuma” de uma neurose. Para tratá-la, é preciso tratar o que está por baixo, submerso nela. E é na investigação profunda, com uma visão holística da depressão e de seus efeitos, que a psicanálise busca entendê-la.
A psicanálise como terapia para depressão
Além de ser uma terapia que melhora a percepção do ser humano sobre si mesmo e o mundo que o cerca, a psicanálise é um entendimento da dor e do sofrimento psíquico. Nela, a forma como o atendimento é conduzido é distinto dos outros métodos de terapia para depressão. São justamente essas diferenças de técnicas e metodologias que garantem o sucesso da psicoterapia psicanalítica.
Erroneamente, muita gente acredita que a psicanálise atende somente por meio de sessões em que o paciente, no divã, fala de si mesmo, enquanto o psicanalista se mantém calado, apenas escutando.
Contudo, nos casos de depressão, em vez de ajudá-lo, esse método de atendimento conduziria o paciente ainda mais fundo no seu estado depressivo. Por isso, no acompanhamento de pacientes depressivos, a psicanálise adota outra forma de atuação: o terapeuta age mais ativamente junto ao paciente. O atendimento é feito olho no olho e o diálogo acontece nas duas pontas, envolvendo paciente e psicanalista.
A psicanálise entende que o deprimido vive uma tristeza irritável e não apática. Isso porque a depressão é provocada pela perda de uma ilusão que o deprimido tem, na qual acredita que alguém — esposa, marido, mãe, pai ou irmão, por exemplo — foi responsável por roubar-lhe a alegria.
O tratamento por meio da psicanálise visa a trazer do fundo do paciente quem é essa pessoa que ele acredita ser responsável pela perda da sua ilusão, vencendo o problema desde a raiz.
O uso de medicamentos psiquiátricos
Em conjunto com a terapia psicanalítica, o uso de medicamentos é aceito somente quando estritamente necessário. A psicanálise não entende os medicamentos psiquiátricos como o elemento mais importante, pois eles tratam somente os sintomas e não a causa do problema. Contudo, podem ser usados em casos mais extremos.
A psicanálise como terapia para depressão é um método destinado a ajudar o indivíduo a se libertar dos seus sofrimentos e, por isso, tem uma resposta tão positiva nesses casos. Ela colabora para que o paciente consiga encontrar a raiz do problema, o que está “por baixo”, e não somente os sintomas, como acontece em outras formas de intervenção.
Tempo de duração do tratamento
Não se sabe ao certo quanto tempo demora o tratamento da depressão em psicanálise. Há uma variação muito grande de um caso para outro, podendo levar meses ou até mesmo anos nos casos mais graves. Se você é um familiar ou amigo que acompanha o tratamento da pessoa acometida pela depressão, precisa ter paciência e encorajá-la sempre.
Outro obstáculo para o tratamento é a sua não linearidade. Possivelmente, o caminho percorrido pela pessoa não será somente de ganhos em uma frequência regular. Na maioria dos casos, ocorrem altos e baixos, semanas em que a pessoa se sente muito bem e, em outras, ela já não está tão bem assim. O importante é não desistir da caminhada e confiar que os progressos serão adquiridos, mesmo que lentamente.
As possibilidades de prognóstico
Depois de tudo isso, você deve estar se perguntando: existe saída para a depressão? Só um especialista é capaz de afirmar sobre os resultados que podem ser obtidos em cada caso. Sem dúvidas, é possível retomar uma vida saudável após o enfrentamento de todo o quadro de angústia. Como dito anteriormente, existem diversos tratamentos, sendo terapias, medicamentos e outros tipos de suporte, como o familiar.
Contudo, muitas vezes, a trajetória até a remissão total do quadro de adoecimento e o desaparecimento dos sintomas não é fácil nem rápido. Quanto mais agudo o caso, mais dificuldade a pessoa terá de aderir a um tratamento e, provavelmente, mais tempo levará até que ela consiga superar a doença.
É preciso destacar também que existe um tipo de depressão mais persistente — a distimia. Nela, a pessoa apresenta os sintomas da depressão de uma forma mais branda, mas se trata de um acometimento que tende à cronicidade, sendo que muitas pessoas passam a vida toda com a doença.
Então, conseguiu compreender melhor como é entendida a depressão em psicanálise? Com certeza, esse é um tema de suma relevância e que todos deveríamos conhecer um pouco mais. Quer ficar sabendo de outros assuntos relevantes como este? Siga nossos perfis nas redes sociais: estamos no Facebook, YouTube e Twitter!