O autismo interfere na comunicação e na socialização do indivíduo, logo, uma criança autista começa a excluir as pessoas do seu convívio, até aquelas com quem tem maior conexão afetiva. O Brasil apresenta mais de 150 mil casos de autismo por ano, por isso, é de suma importância que esse assunto seja discutido com frequência.
A criança autista precisa de um acompanhamento com o psicólogo e a psicanálise tem se mostrado uma grande aliada para o tratamento. Existe uma grande relação entre autismo e psicanálise. O psicanalista analisa quadro por quadro a fim de identificar o que afeta cada paciente. Depois dessa análise, o profissional vai trabalhar melhor esse incômodo de forma a permitir que o indivíduo restabeleça (mesmo que de forma sucinta) a sua capacidade de se relacionar com o exterior.
Você quer entender mais sobre a relação entre autismo e psicanálise? Então, continue a leitura!
Qual é a visão da psiquiatria sobre o autismo?
Tanto para a psiquiatria quanto para a psicanálise, existem diversas classificações dentro dessa psicopatologia. Embora haja diferentes classificações, todos os quadros coincidem no mesmo sintoma: o autista tem dificuldade em reconhecer o seu semelhante.
No geral, a criança com autismo quase não responde aos estímulos externos e, com o passar do tempo, surge a dificuldade na aquisição da linguagem e na produção simbólica, como brincar e contar histórias.
A psicanálise chama de espectro autista toda essa diversidade de casos e esse espectro vem crescendo cada vez mais ao passar dos anos, o que significa que mais crianças são diagnosticadas com autismo, mas nem todas apresentam o mesmo padrão de comportamento. Portanto, pode-se afirmar que é totalmente errado criar apenas uma forma de abordagem para o tratamento do autista.
Como a psicanálise avalia um autista?
Para entender qual é o padrão de cada indivíduo autista (ou seja, o que o irrita, o que o assusta, a quais estímulos ele não consegue responder) o psicanalista precisa avaliar alguns fatores, sendo eles:
- a capacidade de brincar e criar fantasias;
- a forma como o indivíduo lida com seu corpo e como ele entende as imagens corporais;
- a dificuldade que o indivíduo tem em falar e, se for o caso, quais sons ele emite;
- a capacidade de reconhecer as regras éticas e morais e como ele se posiciona diante da lei.
Qual é o tratamento que a psicanálise oferece?
Vale ressaltar que não existe uma medicação que “cure” o autismo, por isso, a psicanálise trata dessa psicopatologia de uma forma diferente.
Em primeiro lugar, o psicanalista avalia quais são os automatismos do indivíduo autista, ou seja, quais são os sons, movimentos e olhares que eles tendem a reproduzir repetidamente. Em vez de se reprimir esse automatismo, tanto o psicanalista quanto toda a família do autista precisam começar a fazer parte desse mundo para que o autista também se sinta parte do mundo de fora.
Em seguida, o psicanalista vai observar quando e como o autista cria aberturas para que as pessoas possam interagir com ele. É preciso entender o que desperta o interesse da pessoa e, então, conquistar a sua atenção através da interação com aquele objeto do seu interesse.
Realizando essas etapas que foram descritas acima, o psicanalista consegue trazer, aos poucos, o autista para fora de sua bolha e fazer com que ele se identifique com os indivíduos à sua volta. Dessa forma, a pessoa começa a interagir novamente com o mundo exterior.
Autismo e psicanálise andam lado a lado. Ao passo que o autista recupera a sua socialização, o psicanalista descobre mais e mais sobre esse espectro tão amplo.
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